quinta-feira, 27 de maio de 2010

Lições de Vida



Diante de um idoso, no “Lar dos Velhinhos Dr. Adolfo Barretto”, surgirá logo uma pergunta: o que haverá por trás daquele olhar de quem quer mais do que uma conversa desatenta? A resposta é simples. É um olhar carente de carinho, interesse e afeição. Aquelas mãos enrugadas, aqueles olhos embaçados, aquelas roupas simples e gastas possuem um passado de muitas histórias. Aquela pessoa que está diante de você viveu muitos momentos. Talvez alguns momentos felizes, outros talvez que não tenham trazido tantas alegrias. Mas ela viveu e quer recordar...

Coloque-se no lugar daquele idoso e pense em quanta saudade deve sentir de seus filhos e netos, dos quais cuidou e que agora não se dão ao trabalho de ir visitá-lo. Ou lembre-se de que talvez ele não tenha mais ninguém neste mundo que se preocupe com ele. Com certeza você começara a imaginar sua própria velhice, que poderá ter um futuro tão incerto quanto o do mundo em que vivemos.

Aquele olhar inquietante lembrará a vulnerabilidade de uma criança que pede proteção e fará com que você pense em seus pais, em seus filhos e em todos aqueles seres importantes que já passaram por sua vida. Fará com que você se volte para dentro de si mesmo e tome uma decisão: “eu posso fazer algo mais!”

No Lar dos Velhinhos “Dr. Adolfo Barretto” estão muitos idosos carentes de atenção, ávidos por encontrar ouvidos dispostos a escutarem suas histórias de vida. Não lhes faltam alimentos, medicamentos, atendimentos higiênicos e cuidados físicos. Faltam-lhes visitas que os façam sentirem-se vivos e importantes.

Adote um idoso do Lar dos Velhinhos. Vá até ele periodicamente, dê-lhe um sorriso, cerque-o de carinho, ampare suas mãos trêmulas, seus passos vacilantes e, principalmente, seja paciente ao ouvir pela décima vez sua mesma comovente história de vida.

Felizes serão aqueles que compreenderem que um idoso é ainda um ser capaz de perceber a diferença entre o amor e a rejeição, entre a justiça e a injustiça, entre a atenção e a indiferença.

Abençoados sejam todos os amigos dos idosos.

Ana Maria Zeferino